O passo apressado dos que caminham pelo parque, é revelador de uma caminhada daquelas que os citadinos fazem diariamente no intuito de melhorarem a sua condição física e psicológica.
O sol ainda aquece, o alcatrão continua quente.
Faltam bebedouros nestas zonas de caminhada. Mas que falta fazem!
No parque infantil as crianças brincam com os pais (ainda há os que são conscientes, que valorizam a importância que tem dedicar diariamente algum tempo de brincadeira com os filhos, por ser fulcral na sua educação e na sua formação), e com os amigos.
Ouvem-se risos e gritaria saudável , não muito estridente, de toda aquela comunidade infantil. Todas as brincadeiras do parque têm gente, mesmo sendo já hora de jantar.
Há quem passeie apenas os cães. Curiosamente estes donos, de tanto quererem aos seus bichos, insistem em passeá-los nas zonas relvadas onde as crianças brincam, em vez de os passearem do outro lado do passadiço, que tem para esse efeito terreno baldio. Nunca serei capaz de compreender a mentalidade dos donos dos cães. Terão filhos? Levarão os filhos para a relva onde os animais fizeram as suas necessidades?
E a minha caminhada prosseguia em passo acelerado como convém.
Chegada ao topo do parque, de onde se avista a Arrábida, o Tejo, o Bugio, o Atlântico, as praias da Costa e muito casario de vários concelhos, notas melodiosas enchem o silêncio.
Curioso este som, de onde virá? Sigo em sua direcção…
Sentado num banco do parque, voltado para esta magnifica paisagem, um músico, não sei se muito experiente ou não, toca concentrado o seu saxofone. Não lhe faltavam a pauta devidamente apoiada numa estante de música.
Absolutamente indiferente aos muitos que por ali caminham diariamente, aos cães que passeavam os donos por relva verde ideal para um pic-nic, à chilreada dos passarinhos, ao som da roda das bicicletas, da balbucia das crianças, o músico continuava sereno e compenetrado a tocar as suas melodias, como se estivesse instalado no palco numa actuação pública. E estava de facto, embora fosse um público que não aplaudia nem embaraçava. Apenas passava e escutava com agrado.
E eu passei, dei a volta a todo o parque, e voltei a passar por tudo de novo.
As oliveiras estão cheias de azeitonas verdes. Não tardam a amadurar.
As amendoeiras ainda têm algumas amêndoas, prontas para ser colhidas. Algumas já foram rapinadas
E o saxofone enchia o parque de música…
É hora de regressar a casa.
Amanhã volto, e levo a máquina para fotografar a paisagem, e com sorte pode ser que na imagem apareçam algumas notas musicais…..