Canseiras
Uma noite de canseira.
A escada era alta, íngreme e com imensos degraus.
O trolley pesado, o saco térmico ao ombro e foi subir, subir, até chagar ao topo.
O carro ficara estacionado em zona periférica.
Chegou o autocarro, subimos os três. Trolley, saco térmico e eu.
Depois de voltas e mais voltas, o destino estava ao virar da esquina.
Estranho o desnível, entre o autocarro e o piso de terra batida. Mais estranho ainda aquela cadeira de fórmica, que servia de degrau intermédio. Pior ainda o equilibrio, que foi necessário, para descer com a bagagem.
Onde estaria o carro? Já não seria capaz de voltar para junto dele.
Doíam os ombros, muito.
Não sei exactamente qual era o destino. Também não sei se o encontrei.
Acordei sem conseguir mexer os ombros, tal era a dor.
Há noites que são uma canseira
#prosa
#ditosdafatima
Pintura de #AnaCamilostudio