21
Jun24
O vento
É nos dias de vento que tudo se torna mais difícil.
Não consigo habituar-me, àquele zumbido que ecoa pela casa, que mais parece um passageiro clandestino, a ranger os dentes, quando lhe servem, sem que ele perceba, um café a escaldar.
Pela janela observo imagens distorcidas, folhas pelo ar e ramos ondulantes. Mal me deito e fecho os olhos, tento validar se todo este desassossego é uma história que inventei ou se é verídica.
Adormeço, ao som da canção que todas as noites me traz a felicidade de me aconchegar nos lençóis brancos e perfumados.
Talvez amanhã não haja vento. Talvez aqueles sons misteriosos tenham acabado, talvez encontre outro despertador, que me dê mais vigor e novas músicas ao acordar.
Talvez um dia, me habitue a escrever as histórias, do vento que passa.
FC
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