05
Set24
Olhar o infinito
Numa das esquinas da imensa zona de refeições do shopping, sentado na mesa de dois lugares, olhava fixamente para o infinito.
Magro, barba grande, cabelo desorganizado, pele enrugada.
Em cima da mesa, um livro, a caixa dos óculos, um copo de água e um pequeno bloco.
Magro, barba grande, cabelo desorganizado, pele enrugada.
Em cima da mesa, um livro, a caixa dos óculos, um copo de água e um pequeno bloco.
Passava gente de um e outro lado. As refeições eram engolidas rapidamente, crianças a fazer barulho, talheres a raspar na cerâmica dos pratos, a escada rolante a chiar, conversas cruzadas.
Nada fazia pestanejar aquele olhar tão distante.
Por diversas vezes olhei-o. Ignorou.
Por diversas vezes olhei-o. Ignorou.
Rodeado de dezenas de pessoas, permanecia na solidão.
Ponderei, mas não ousei meter conversa ou tentar perceber a razão daquele olhar, mas fiquei a pensar, que não adianta estar em locais movimentados, à espera de uma palavra, de um abraço. Também não esperamos aqui, receber um abraço.
Ponderei, mas não ousei meter conversa ou tentar perceber a razão daquele olhar, mas fiquei a pensar, que não adianta estar em locais movimentados, à espera de uma palavra, de um abraço. Também não esperamos aqui, receber um abraço.
Somos seres desprendidos da dor alheia? Propositadamente preferimos estar alheados do mundo que nos rodeia?
Dificilmente entenderemos o mundo que nos rodeia.
Dificilmente entenderemos o mundo que nos rodeia.
#ditosdafatima #prosa #questõessociais