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Jun21
Passeios imaginários
Os dias longos das tardes de Verão, convidam a um passeio pelo jardim, onde as árvores frondosas e os riachos, proporcionam uma sensação de fresco, que sabe sempre muito bem.
O aspersor colocado estrategicamente numa zona ampla de relvado, convidava os garotos a umas boas banhocas. Nestes momentos a ideia foge sempre para a infância. Que bom era poder partilhar aquele repuxo com a miudagem, que assim, despreocupadamente corria relva fora, ora molha ora não molha….
E lá andavam ao lado, no riacho que outrora já fora o cano por onde corria a água da mina até ao lago, os patos, patas e patinhos.
A conversa das amigas que calcorreavam tudo e nada, ia fluindo ao sabor da brisa amena. Não havia um fio condutor. Eram coisas salteadas que se entrelaçavam e encaixavam de tal forma, quer mais pareciam episódios dos folhetins à antiga.
Um patinho ainda com penugem, fora da ninhada e da mãe pata, tentava sem sucesso vencer o desnível do muro, para se juntar à prole. Tentou umas quantas vezes. Sabia que saltando chegava lá, mas não tinha asas para fazer esse voo.
E a conversa até parou por momentos, para repreender um pato adulto que bicou o pobre pequeno, que com a sua persistência acabou por encontrar uma rampa e lá foi juntar-se aos demais.
Conseguiu! Estás a ver? Conseguiu! Ainda bem….
Sempre em passo pausado, aproveitando as sombras para pequenas paragens, mais um e outro tema e às vezes voltando atrás, como se algum não tivesse ficado encerrado.
Curiosas estas conversas, onde até algum escárnio e maldizer têm lugar.
Que pena a água do lago estar tão suja. Há uns anos, quando aqui passava a água corrente no cano de pedra, era outra coisa. E especialmente as avós, relembram esse tempo em que iam com as crianças para o parque, onde não havia o moderno duche, mas dava para andar descalço cano fora…
Um banco de pedra à sombra e perto da água, serviu para descansar da caminhada que não se fez e para despachar mais umas quantas ideias. E era cada uma, que só visto!
Rápido chegou a hora de ir acudir a outros afazeres. Porque há sempre assuntos que prendem o nosso tempo.
E a tarde continuava quente e cheia de luz.
E as amigas, que se gostam verdadeiramente, estavam com o coração enternecido, por terem partilhado um pouco desta tarde solarenga, sempre decididas tal como o mini-pato, a ultrapassar obstáculos e a persistir sempre, porque a vida, a cada passo nos põe à prova …