11
Jul18
Recreio
Recreio
A algazarra, risos e brincadeira, arrebatavam o olhar e atenção de quem passava junto à vedação da escola primária.
Num banco, três meninas sentadas, aproveitavam a sombra do álamo. Duas conversavam e riam muito. A terceira, de ar triste, parecia distante de todos os outros colegas, mesmo das que se encontravam ao seu lado.
Aquele olhar distante focado em cada pessoa que passava na rua, não me passou despercebido.
Pensei chama-la e perguntar se estava bem; comprar na charcutaria em frente uma guloseima e oferecer-lhe; bater à porta e alertar um funcionário; abraça-la….
Limitei-me a sorrir para ela
Entrei na loja….. comprei pão e saí.
Voltei pelo mesmo passeio e lá estava a menina, triste, de olhar fixo e distante…. Aproximei-me um pouco mais da vedação, sorri e pisquei-lhe o olho…. Sorriu-me… Sorrimos.
Perguntei-lhe se não brincava…. As meninas que estavam ao seu lado voltaram-se para ela e perguntaram:
- Queres brincar?
A menina do olhar triste sorriu, piscou-me o olho, juntou-se às outras meninas e brincou.
As crianças nunca deviam estar tristes!
Fátima Camilo
11.07.2018