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Afectos

Porque a vida é feita de afectos ...

Afectos

21
Jun24

O vento

É nos dias de vento que tudo se torna mais difícil.
Não consigo habituar-me, àquele zumbido que ecoa pela casa, que mais parece um passageiro clandestino, a ranger os dentes, quando lhe servem, sem que ele perceba, um café a escaldar.
Pela janela observo imagens distorcidas, folhas pelo ar e ramos ondulantes. Mal me deito e fecho os olhos, tento validar se todo este desassossego é uma história que inventei ou se é verídica.
Adormeço, ao som da canção que todas as noites me traz a felicidade de me aconchegar nos lençóis brancos e perfumados.
Talvez amanhã não haja vento. Talvez aqueles sons misteriosos tenham acabado, talvez encontre outro despertador, que me dê mais vigor e novas músicas ao acordar.
Talvez um dia, me habitue a escrever as histórias, do vento que passa.

FC
09
Mai24

A Espiga

“Quem tem trigo de Ascensão, todo ano terá pão”


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Este é já um ditado antigo que acompanha o Ramo da Espiga, em que cada planta está associada a um significado:
As espigas representam o pão, como a base do sustento da família, e a fecundidade.
A papoila significa amor, vida.
O malmequer simboliza a riqueza e prosperidade.
A presença da oliveira significa Paz e a Luz Divina.
O alecrim representa a saúde, força e resiliência.
A videira simboliza o vinho e a alegria.
Ditam os antigos costumes que o ramo deve ser colocado atrás da porta de entrada de casa e apenas deve ser substituído no ano seguinte, por um ramo novo, como símbolo de sorte e prosperidade do lar.


02
Set22

Setembro

Há quem não goze férias e quem não as tenha sequer

Há quem esteja sempre de férias

Há quem tenha algum tempo de férias

Há quem tenha ido de férias

Há quem ainda ha-de ir de férias

Queiramos ou não, ao mês de Agosto associam-se as férias e ao mês de Setembro o inicio de mais um ano de actividade, seja ela profissional, académica ou outra...

Resumindo:

A todos um bom Setembro, um bom ano de actividade e que os obstáculos se ultrapassem sem grandes dificuldades

Não se esqueçam de ser felizes....

#ditosdafatima #poesia #questoessociais #prosa
01
Jun22

Criança

Criança sabes que…

Respirar é o teu grande passo de entrada no Mundo?

Este acto, aparentemente tão simples, acompanhar-te-á até ao teu último suspiro e acredita, que por vezes, terás de fazer algumas manobras complicadas, para seres capaz de respirar.

Pela vida fora vais encontrar sofrimento, dor, angústia, tristeza, infelicidade, discriminação, incerteza, ansiedade e revolta.

Aos poucos terás de encontrar o significado das palavras superação, fé, persistência, força, resiliência, progresso, compreensão, compaixão, generosidade, amor, aceitação, seriedade e humildade.

À medida que fazes essa aprendizagem, percebes que as palavras positivas que estás a aprender, na escola e na vida, são mais que as negativas.

É com base nessa experiência, que puxas da tua autoconfiança e segues em frente, com coragem e determinação, rumo à felicidade.

Nunca esqueças, que ser feliz, é acima de tudo ser boa pessoa tanto para ti como para o Mundo.

Ama, diverte-te, brinca, estuda, aprende, corre na areia molhada da praia, esconde-te no meio dos malmequeres na Primavera ou nos campos de túlipas no Inverno, sobe à cerejeira no Verão, e agarra os ouriços caídos do castanheiro no Outono.

Faz tudo isto e o que te mais te apetecer, mas sempre no absoluto respeito por ti e pelo próximo.

O Mundo quer e precisa de gente boa e tu, criança és fantástica!

Ah… na tua caminhada, espalha o teu saber pelos crescidos e diz-lhes que é um erro tremendo, deixarem de ser crianças.

Bem-hajas por o fazeres.

Mais logo, ao final do dia, marcamos encontro e brincaremos juntos de novo.

Abraço-te
24
Abr22

O castelo Risonho

O castelo risonho


Sempre que a porta do castelo era aberta com aquela enorme e mítica chave, a princesa corria para a janela.
Ficava encantada a observar as cores maravilhosas dos mantos, que todos usavam naqueles amplos jardins e recintos de calçada.
Desde a infância, que tinha um fascínio enorme por cores vivas e bonitas e sentia até alguma vaidade, quando se apercebia que a vizinhança, convidados e visitantes, partilhavam  e comentavam igualmente esse gosto. Sentiam que aquele castelo era feliz e risonho.

Divertia-se com as crianças do reino, que parecendo anjos, saltitavam em bicos de pés, carregando um par de asas rendadas adornadas com penas de pavão.

Não há dinheiro que pague estes momentos, pensava ela muitas vezes.
As borboletas, gafanhotos e passarinhos, esvoaçavam em círculos loucos, para fugir à correria e à fúria dos petizes, que faziam a vida negra a estes pobres animais, tentando assusta-los e apanhá-los. Na verdade, de anjos, só tinham mesmo as frágeis asas, e por pouco tempo, já que ali ficavam, apenas enquanto se mantinham presas aos mantos acetinados.
Só quando a porta se fechava de novo e chegavam as horas do repouso, o colorido deixava o castelo, a princesa fechava a janela e o silêncio tomava conta dos espaços agora vazios de traquinices e mantos vistosos.

#ditosdafatima #infantil 

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antil   #pintura #AnaCamiloStudio

Fátima Camilo

2022.05.24

25
Nov21

....Ano de 1967. Novembro, 25


....Ano de 1967. Novembro, 25



O Natal estava prestes a chegar.



Nas escolas, paróquias e associações, preparavam-se os festejos desta quadra tão animada....



...A chuva que caía de forma intensa e persistente teimava em não deixar ouvir com clareza as teclas do órgão e as vozes que se afinavam....



...Nos lares que ficavam nas zonas mais vulneráveis a cheias, a azáfama era grande



...O dia “acordou” muito cedo...



Aqui e ali viam-se a boiar livros, roupas, pratos, sapatos, moveis, candeeiros, fogões, animais e pessoas. Tudo e todos os que não conseguiram vencer a fúria da água e da lama estavam ali, à vista de todos......



Faltava agora um telhado, bens de primeira necessidade, os livros da escola e ânimo para agarrar de novo a vida e as rotinas.....



... Está a chegar o dia da festa de Natal. O palco continua vazio. Não houve teatro, nem canções, nem compareceu a criançada que andava em euforia a preparar a festa. Não houve tempo para os ensaios e alguns que não resistiram à fúria das águas, já não moravam ali....



Fatima Camilo

Excerto de conto "Contratempos"

04
Ago21

Abraço

Há lágrimas que teimam em não cair, mesmo quando os olhos vergam, com o peso da sua água salgada.
Talvez porque a saudade é recordação;
ou porque a recordação nos trás saudade:
ou porque a solidão é refúgio;
ou porque o refúgio nos empurra para a solidão;
ou porque o isolamento nos endureceu;
ou porque endurecemos graças ao isolamento;
ou porque sentimos a falta dos abraços;
ou porque os abraços, nos fazem realmente falta
O peso da água salgada faz vergar os olhos. Há lágrimas que teimam em não cair, porque sabem que todos estamos sedentos e quando nos abraçarmos, ainda vamos rir à gargalhada, recordando sem saudade a solidão e o endurecimento para onde o isolamento nos empurrou.
Venham de lá esses abraços!

FC
26
Jun21

Passeios imaginários


 



Os dias longos das tardes de Verão, convidam a um passeio pelo jardim, onde as árvores frondosas e os riachos, proporcionam uma sensação de fresco, que sabe sempre muito bem.



O aspersor colocado estrategicamente numa zona ampla de relvado, convidava os garotos a umas boas banhocas. Nestes momentos a ideia foge sempre para a infância. Que bom era poder partilhar aquele repuxo com a miudagem, que assim, despreocupadamente corria relva fora, ora molha ora não molha….



E lá andavam ao lado, no riacho que outrora já fora o cano por onde corria a água da mina até ao lago, os patos, patas e patinhos.



A conversa das amigas que calcorreavam tudo e nada, ia fluindo ao sabor da brisa amena. Não havia um fio condutor. Eram coisas salteadas que se entrelaçavam e encaixavam de tal forma, quer mais pareciam episódios dos folhetins à antiga.



Um patinho ainda com penugem, fora da ninhada e da mãe pata, tentava sem sucesso vencer o desnível do muro, para se juntar à prole. Tentou umas quantas vezes. Sabia que saltando chegava lá, mas não tinha asas para fazer esse voo.

E a conversa até parou por momentos, para repreender um pato adulto que bicou o pobre pequeno, que com a sua persistência acabou por encontrar uma rampa e lá foi juntar-se aos demais.

Conseguiu! Estás a ver? Conseguiu! Ainda bem….



Sempre em passo pausado, aproveitando as sombras para pequenas paragens, mais um e outro tema e às vezes voltando atrás, como se algum não tivesse ficado encerrado.

Curiosas estas conversas, onde até algum escárnio e maldizer têm lugar.



Que pena a água do lago estar tão suja. Há uns anos, quando aqui passava a água corrente no cano de pedra, era outra coisa. E especialmente as avós, relembram esse tempo em que iam com as crianças para o parque, onde não havia o moderno duche, mas dava para andar descalço cano fora…



Um banco de pedra à sombra e perto da água, serviu para descansar da caminhada que não se fez e para despachar mais umas quantas ideias. E era cada uma, que só visto!



Rápido chegou a hora de ir acudir a outros afazeres. Porque há sempre assuntos que prendem o nosso tempo.



E a tarde continuava quente e cheia de luz.



E as amigas, que se gostam verdadeiramente, estavam com o coração enternecido, por terem partilhado um pouco desta tarde solarenga, sempre decididas tal como o mini-pato, a ultrapassar obstáculos e a persistir sempre, porque a vida, a cada passo nos põe à prova …

25
Jun21

A festa no largo da Aldeia


Todos os anos, no Verão, o largo da vila enchia-se de animação e diversões.



O carrossel infantil, os carrinhos de choque, o comboio fantasma e tantos outros, mal ficavam montados, faziam notar a sua presença com música bastante ruidosa.

Não faltavam os vendedores de moinhos de vento, de brinquedos de madeira, de loiças de barro, nem o cheiro das farturas, do algodão doce, do pão com chouriço e outras iguarias características destes eventos.



Ao romper da aurora, já se ouvia:

Cada voltinha cinco escudos. Menina bonita não paga!



Mas de todas estas animações, o chamado “poço da morte” era o que mais surpreendia a pequenada, quer pelo som forte daquela mota que em círculo quase subia o “cilindro”, quer pela velocidade que ela atingia. Alguns, julgando que ela podia sair do espaço que lhe estava destinado, até fugiam. Os mais velhos, davam suspiros e temiam que acontecesse o pior ao condutor, mas não arredavam pé.



O “comboio fantasma”, circulava num espaço fechado e escuro e tal como o nome indica, era fantasmagórico. Metia medo!

Apenas alguma luz muito ténue, permitia a identificação de um ou outro elemento do cenário; um rochedo de onde se solta uma rede, que mais parece uma enorme teia de aranha, que nos toca nos cabelos… um prado de onde aparece um animal muito grande e que nem se chega a identificar, ou um enorme espelho prateado que reflete um grupo de figuras assustadoras.



Este conjunto de situações e diversões (algumas bastante estranhas) eram motivo de conversa e de algumas paródias.



E a vila mantinha aquele enorme espírito de comunidade, onde ciclicamente aconteciam diversos eventos, que aproximavam e animavam todas as gerações.

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