Todos os anos, no Verão, o largo da vila enchia-se de animação e diversões.
O carrossel infantil, os carrinhos de choque, o comboio fantasma e tantos outros, mal ficavam montados, faziam notar a sua presença com música bastante ruidosa.
Não faltavam os vendedores de moinhos de vento, de brinquedos de madeira, de loiças de barro, nem o cheiro das farturas, do algodão doce, do pão com chouriço e outras iguarias características destes eventos.
Ao romper da aurora, já se ouvia:
Cada voltinha cinco escudos. Menina bonita não paga!
Mas de todas estas animações, o chamado “poço da morte” era o que mais surpreendia a pequenada, quer pelo som forte daquela mota que em círculo quase subia o “cilindro”, quer pela velocidade que ela atingia. Alguns, julgando que ela podia sair do espaço que lhe estava destinado, até fugiam. Os mais velhos, davam suspiros e temiam que acontecesse o pior ao condutor, mas não arredavam pé.
O “comboio fantasma”, circulava num espaço fechado e escuro e tal como o nome indica, era fantasmagórico. Metia medo!
Apenas alguma luz muito ténue, permitia a identificação de um ou outro elemento do cenário; um rochedo de onde se solta uma rede, que mais parece uma enorme teia de aranha, que nos toca nos cabelos… um prado de onde aparece um animal muito grande e que nem se chega a identificar, ou um enorme espelho prateado que reflete um grupo de figuras assustadoras.
Este conjunto de situações e diversões (algumas bastante estranhas) eram motivo de conversa e de algumas paródias.
E a vila mantinha aquele enorme espírito de comunidade, onde ciclicamente aconteciam diversos eventos, que aproximavam e animavam todas as gerações.
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